segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O dia seguinte e o corte de cabelo

Como o próprio médico já havia falado, os dois primeiros dias após a quimio não tem nenhum sintoma. O que se pode ter é um enjoo que se resolve com medicação. Tomei a medicação e não senti absolutamente nada.

Aproveitei para cortar meu cabelo. Peguei minha pequena, junto com meu marido e fomos ao salão cortar o cabelo em família. Tinha muita preocupação com a Mariana, pois meu cabelo sempre foi mais um brinquedo dela. Fizemos toda uma preparação com Mari para cortar o meu cabelo, quando estavamos indo para o salão ela perguntou: "mamãe vc vai ficar carequinha hoje?"- fofa!

Eu disse pra ela que não, "hoje não", mas que a mamãe iria apenas cortar o cabelo curto e realmente cortei e ela amou. Disse assim: "mãe vc tá igual a mãe da Maria Clara" (amguinha da escola dela). Ela ficou tão feliz com o resultado que queria que eu falasse pra todo mundo que eu havia cortado o cabelo, até mesmo pra gente estranha. Contou pra todos na escola. Ela curtiu bastante.

Nesse dia, diferente do anterior eu estava muito bem! Nem um pouco triste! Acho que aliviada por ter cortado o cabelo e pela Mari ter recebido o novo visual com alegria.

Foi uma festa, a Mari não foi pra escola de manhã, almoçou em casa, fez a unha no salão (com muitas florzinhas) e ainda curtiu o visual novo da mamãe.
Hoje foi um dia que valeu!

(Rafa e eu após ter cortado cabelo)

A primeira quimioterapia

Dia 25.08, minha primeira quimio. Minha família sempre muito presente, estavam todos a postos, mãe, irmão, cunhada, marido, meus queridos sogros sempre muito preocupados, ligando a cada minuto para saber como estavam as coisas, enfim, meu alicerce inteiro me apoiando.

Acordei nesse dia muito triste e com muito medo, não queria que ninguém da minha família soubesse que eu estava me sentindo assim, mas era mais forte do que eu, não conseguia falar com um deles sem chorar. Uma tristeza sem explicação, pois no fundo eu sabia que iria dar tudo certo (como deu).

Nesse dia fiz a biopsia da medula óssea entes de fazer a quimio, não doeu nada perto da biopsia do mediastino. Foi bem tranquilo, embora eu estivesse bem tensa, pois era uma coisa nova e eu estava com muito medo.

A biopsia é feita deitada de bruço, com uma anestesia local um pouco ardente (suportável), com uma pressão forte na hora de colher o líquido da medula, mais um incomodo do que dor. Para quem não sabe a medula não é na espinha, é naquele ossinho lateral que temos atrás das costa próximo da bacia. Ufa! Passei por mais essa. Foi menos pior do que imaginava.

Depois fiz a quimioterapia, aí a tristeza aumentou, não queria estar me sentindo assim, mas não conseguia me sentir de outra forma. Acho que naquele momento minha ficha caiu de verdade.

Estava com muito medo de ficar careca, de me sentir fraca, debilitada. Medo de que minha filha sofresse muito ao me ver doente, sem cabelo, fraca. A tristesa, por mais que eu tentasse combatê-la me dominava. Fiquei ali recebendo quimioterapia por 4 horas.

Embora as enfermeiras e psicológa muito carinhosas e atenciosas, tudo parecia ser bem maior do que realmente era. Sei que é só o começo dos agradecimentos mas obrigada por terem sido tão carinhosas comigo.

Depois de um bate papo com a psicóloga vi que uma das coisas que estavam me angustiando muito é que ficaria careca e não sabia o que fazer com o meu cabelo. Não conseguia decidir se cortava ou não. Não sabia que daria tanta importância para isso, pois sempre disse que eu queria ficar curada, mas é muito forte o que senti que não consigo nem explicar direito.

Agora a quimio nada mais é do que receber um soro na veia. Ninguém passa mau, pelo contrário, as pessoas ficam bem, lêem livros, ficam no computador, conversam com os enfermeiros, veêm televisão ou simplesmente descansam ou conversam com médicos e enfermeiras que circulam o tempo todo.

Por essa fase passei também!

A consulta com o oncologista.

Na segunda fomos, eu, minha mãe e o Rafa ao médico oncologista e mais uma vez ele não se conteve ao ouvir do médico que meu caso TEM CURA e isso é o que importava naquele momento. Acho que nunca vi meu marido derramar tantas lágrimas como nesses últimos dias. Ficamos bem aliviados e ao mesmo tempo muito tensos, pois não sabíamos o que seria e nem como seria o tratamento de quimioterapia, uma vez que para esse caso não cabe uma cirurgia, basta o tratamento.

O médico deixou bem claro que eu deveria passar por alguns exames médicos como TC abdominal total, ecocardiograma e uma biopsia da medula ossea (veio logo o frio na barriga ao ouvir falar em biopsia novamente), além de exames laboratoriais.

Ele deixou claro que esses exames estão no protocolo médico por isso teria que fazer, mas que eu não apresentava nenhum sintoma em que pudesse me preocupar com uma maior gravidade, embora só o resultado dos exames pudessem nos confirmar issso. Meu caso aparentemente seria estagio 1, uma vez que a lesão não era maior do que 10 cm e eu tb não apresentava sintomas como febre, sudorese noturna e nenhum gânglio aparente.

Disse que o tratamento realmente seria a quimioterapia pelo período de 4 a 6 meses, totalizando de 8 a 12 aplicações, uma a cada 15 dias.

Aí veio logo a pergunta: "meu cabelo vais cair? - minha vida vai mudar muito? - vou ficar eferma dentro de casa? - vou poder continuar malhando?"

Ele me explicou todas as restrições que teria como por exemplo: não ter contato com animais, evitar contato com crianças (pensei logo na minha filha), evitar lugares fechados e cheios, trabalhar com um pouco mais de moderação e cuidados para não ter contato com pessoas doentes em função da baixa imunidade, maior higiêne das mãos (principal meio de contaminação)e ter uma boa alimentação tb com algumas restrições.

Fique assustada com as restrições mas ao saber que poderia continuar malhando (em horários vazios na academia ou ao ar livre), pois a academia diminui os efeitos colaterais da quimioterapia me deixou bem mais leve (sinal de que não me sentiria tão doente e esse era um grande medo, me sentir muito doente).

Fiz os exames bem rápido para dar inicio logo ao tratamento, ficando apenas a biopsia da medula óssea que seria feito no próprio consultório médico após estar com todos os resultados dos exames.

Mais uma etapa passada!

O dia do resultado da biopsia.

Depois de dias de angústia, sexta, dia 14.08, não teria como não sair o resultado, então resolvemos que não iríamos ficar na agonia esperando uma ligação do médico, fomos para a praia (um dia de praia em família). O dia estava lindo! Ninguém trabalhou e também não levamos a Mari pra escola (ela adorou).

Logo que chegamos o médico ligou pro meu marido e passou o resultado da seguinte forma: "Raphael saia para comemorar com a Fernanda pq as notícias não são das piores - linfoma de hodgkin". Eu ansiosa via a lagrima correr mais uma vez pelo rosto do meu marido. Diante de toda a situação foi um alívio, pois a espera por esse resultado estava nos corroendo.

Diante disso logo marcamos consulta com o oncologista para segunda-feira.

Nesse momento o apoio da família e amigos queridos foram fundamentais, pois mesmo sabendo que não seria o pior dos piores problemas não seria fácil, como não está sendo. E com o resultado vieram outros diversos medos.

Pessoas importantes como a Tia Iara, nesse momento foram fundamentais, pois me passou toda segurança que eu precisava para poder dar mais um passo que seria começar o tratamento.

Tia Iara, vc sempre foi muito importante em nossas vidas, agora então não tenho nem o que dizer, só tenho a agradecer pela sua existência.

Com tudo isso que estou passando passei a agradecer muito pelas pessoas que tenho ao meu redor. Começei a perceber que ninguém aparece em nossas vidas por acaso e que cada pessoa que surge em nosso caminho merece um agradecimento a Deus. Agradeço todos os dias a Deus por ter pessoas tão boas ao meu redor.

Agradeço pelos meus amigos de trabalho que têm sido muito mais que importantes na minha vida, tem sido quase minha fortaleza. Sem eles não sei se teria tanta força, pois quando mais me sinto fraca quero estar ao lado deles para me sentir forte. (Obrigada meus queridos amigos e fiéis escudeiros).
(Na foto a galera do meu trabalho! Festa do dia dos namorados.)

domingo, 30 de agosto de 2009

Bernardo e sua família, importância crucial nesse momento.

Quando recebemos a notícia que seria um linfona pela peneumo, saimos do consultório muito abalados, meu marido muito mais abalado do que eu, fomos pra casa do meu sogro (família perfeita, amo muito eles) e depois ligamos para o Be que nos deu a maior atenção, junto com sua família.

Agora peço um momento pois preciso muito falar especialmente a essa família que tanto acolheu a mim e minha família com tanto carinho.

Beth, Be, Luiza, não tenho palavras para agradecer tanto carinho e tanta atenção, vocês foram realmente maravilhosos na minha vida. O Rafa sempre gostou demais de vocês e eu embora sem tanto contato assim, também. Amamos o Be de paixão, pessoa de garra, alma boa, uma companhia gostosa. Se o mundo tivesse muitas pessoas como vocês teríamos um mundo bem melhor, mais humano.

Contarei em breve como foi o começo do tratamento e a consulta com o hematologistas.

A Beth, mãe do Be sempre com esse ar suave, calmo e sereno trazendo muita paz, muita paz mesmo (incrível).

A Luiza (hematologista) foi quem me deu todas as dicas do que realmente eu poderia ter e me explicando passo a passo do que eu teria que fazer e pelo o que iria passar. Nunca vou esquecer as palavras dela ao dizer: "parece que seja um linfoma de hodckin", eu sem saber o que seria ela logo disse: "se for é uma doença ruim-boazinha e se for isso será tranquilo, pois tem cura" (ela não faz ideia, ou faz não sei, como ela foi importante naquele momento, meu Deus!). Sem contar as indicações médicas, as ligações, enfim sem palavras.

Agora o Be, nossa é até difícil falar dele, acho que a palavra certa é "sem palavras", me passou uma força sem tamanho, acho que ele nem sabe disso mas penso nele todos os dias (que o Rafão não fique com ciumes, rsrsrsr), mas é verdade.

Be nunca mais na minha vida vou esquecer o carinho que voce está tendo comigo, sempre preocupado, querendo saber como estão as coisas e me auxiliando a cada passo dessa minha nova jornada que já se arrasta a algum tempo com você não é!? Obrigada por existir e por ser nosso amigo. Obrigada por ser tão especial, tão humano e tão carinhoso.

Hoje meus amigos faço meu tratamento com o mesmo médico que o Be me indicou, não tive nem dúvidas quando ele passou o nome do médico, não pensei duas vezes, pois era uma indicação do Be. Fomos ao médico e logo começamos o tratamento, nem ouvimos uma segunda opnião, pois segundo o Be ele seria o melhor do pedaço.

sábado, 29 de agosto de 2009

Como tudo começou...

Em fevereiro de 2009 eu e meu marido resolvemos tentar engravidar novamente, mas desde então não conseguia e comecei a ter umas crises de asma e tosse como nunca tive. As crises foram aumentando juntamente com uma dermatite atopica (coçeira).

Em maio procurei uma medica homeopata para tratar todos esses sintomas. Comecei o tratamento de homeopatia, fazia nebulização com berotec, usava bombinha, e a dermatite e a tosse continuavam...

Até que um dia fui para São Paulo a trabalho e cheguei ao ponto de levar o nebulizador comigo, e, que bom, pois usei duas vezes numa noite só. Voltei de São Paulo revoltada e fui na minha medica dizendo que cheguei ao cumulo da dependência e isso pra mim era inaceitável. Disse que tinha certeza que estava havendo algo errado comigo. Foi aí que ela pediu para eu fazer um RX do pulmão e seios da face. Assim tudo começou.

No RX do pulmão apareceu uma imagem solicitando uma TC (tomografia computadorizada), pois havia uma mancha no pulmão. Fiquei assustada, todos da minha familia achavam que não seria nada, mas no meu íntimo não era isso que eu sentia.

Pensei que estivesse com Tuberculose, nunca pensei num linfoma, fiquei muito ansiosa com o resultado desse exame, quando saiu o resultado minha medica homeopata (pessoa que se tornou muito importante na minha vida, pois me deu muito apoio e muita força nesse momento) me encaminhou para uma peneumologista, fiquei mais assustada ainda.

A pneumo foi muito direta comigo, sem rodeios disse: "minha querida você está com um linfoma e precisamos fazer uma biopsia", eu senti nesse momento um calor da ponta do pé ao fio de cabelo, meu marido Raphael, muito companheiro, perdeu o chão e não conseguiu controlar a emoção se pondo a chorar descontroladamente. Na verdade nesse momento só pensamos numa coisa: vou morrer.

A própria peneumo marcou uma consulta com um cirurgião toráxico para o dia seguinte, dia 30.07.09, por sinal outro medico maravilhoso que crusou meu caminho, não poderia ter conhecido pessoa melhor e mais carinhosa.

Eu estava torcendo para fazer a biopsia no dia da consulta, nunca rezei tanto para que fosse nesse dia e minhas preces foram atendidas, o médico após me consultar falou: "vamos fazer essa biopsia hoje?", sem titubear aceitei na hora e agradeci muito a Deus por ter atendido meu pedido.
Foi um sofrimento, pois doeu muuuuuuuuuuuito a biopsia. Fiz com anestezia local, fiquei uma hora fazendo e exame na sala de TC do hospital São José, rezei muito para que Deus iluminasse o médico para que a biopsia alí realizada fosse o suficiente, pois caso não fosse possível teria que fazer a biopsia por cirúrgia. Mais uma vez graças a Deus não precisou a biopsia foi um sucesso.

Não posso deixar de falar aqui de uma pessoa que foi muito importante pra mim no dia da biopsia, o radiologista que não largava minha mão nenhum minuto na hora das incisões das agulhas (momentos de muita tensão e muita dor, embora anestesiada no local). A sensação era de uma faca entrando no meu peito.

Minha familia, o tempo todo ao meu lado, e sofrendo tanto ou mais do que eu.

Depois não teve jeito a não ser esperar 14 dias pelo resultado final. Ligavamos a cada 3 dias para o cirurgião toráxico para saber o resultado.

No dia 06.08 foi meu aniversario, no meio dessa turbulência toda, as noticias correm e muitos amigos ligavam querendo saber o que estava acontecendo. Temos que ver a vida sempre por 2 angulos, o lado bom disso tudo foi que reunimos 100 pessoas amigas num restaurante sem eu imaginar que fosse aparecer tanta gente. Fiquei muito feliz!

(Foto ao lado eu meu marido e minha irmã Bia.)


Esse foi só começo da minha história, ainda tenho muito para contar pra vocês...